Uma PedalADA pela América - Argentina – De novo!!!!
De
novo em terras argentinas, depois de descansar em Uspaillata e também
em Mendoza, segui pedalando rumo a cidade de San Juan. Para chegar aí
foram quase 200 km de pedal, em dois dias.
Em
San Juan a Romina me recebeu em sua casa com muito carinho. Conhecer
a Romi foi muito especial. E ela disse que igualmente, me receber em
sua casa, pra ela foi um estímulo muito grande, já já explico tudo.
A
Romina se inscreveu na rede Warmshowers há pouco tempo, creio que há
uns 5 meses, desde que decidiu que ia também fazer uma longa viagem
de bicicleta. Desde então tem recebido alguns ciclistas em sua casa,
e cada um que passa, segundo ela, deixa um estímulo a mais.
Quando
ela começou a pensar em sua viagem teria como companhia uma amiga,
mas, por questões do destino a amiga ficou grávida e não poderia
seguir. Romina não desistiu do sonho, mas buscava ainda por
companhia porque tinha medo de seguir sozinha.
Mas,
ela disse, que eu passar por sua casa, foi como que uma dose extra de
estímulo, porque ela pôde ver que se pode viajar sozinha, sendo
mulher, e que não é nenhum bicho de sete cabeças. Nos dias que
estive aí conversamos muito muito sobre como é este mundo de
viajante pra mulheres. Sim, se está sozinha, requer que tenha mais
precaução e alguns cuidados extras.
Eu
por exemplo, prezo sempre por minha seguridade, isso vem sempre em
primeiro lugar. E por isso, as vezes a viagem se torna mais cara,
porque por exemplo, se não encontro um lugar seguro pra ficar vou
sim buscar uma hospedagem. Não vou passar a noite acampada em
qualquer lugar, me sentindo insegura, e , por isso, as vezes a viagem
sim, se torna mais cara.
Mas
também conversamos sobre como é bom as vezes estar só, você
sempre está mais aberta a conhecer mais pessoas, se permite ser
ajudada, as pessoas se aproximam mais, tem tempo suficiente pra fazer
o que deseja, sair pra pedalar, parar pra descansar na hora que quer,
coisas que se passam somente se está só.
Na
verdade eu e Romina nos tornamos grandes amigas e já sabia que ia
ser duro o momento de despedida. Acabei ficando em sua casa um dia a
mais que o previsto, pois um amigo, que conheci em El Bolson, na
Argentina, ia vir me encontrar e pedalar por alguns dias comigo.
No
fim de tudo, a Romina se animou, e também com um amigo, seguiu
pedalando com a gente por dois dias. Foi uma experiência muito
bacana. Eu estava realmente muito feliz, porque era a primeira vez
que tinha tanta companhia. Saímos eu, meu amigo Carlos, Romina e seu
amigo Cristian de sua casa rumo a cidade de San Expedito.
Neste
caminho, passamos pela cidade de Vallecito, onde está o santuário
da “Defunta Correa”, que tem muitos devotos por argentina e
chile. A história da defunta é bem interessante:
"segundo a lenda, María Antonia Deolinda Correa era uma jovem mulher na década de 1840, que decidiu seguir o seu marido quando este foi recrutado para combater na guerra civil. Levando um bebé recém-nascido nos braços, Deolinda Correa seguiu o progresso do exército argentino durante algum tempo. Quando atravessou a zona desértica em torno daprovíncia de San Juan, os mantimentos e água que levava acabaram e acabou por morrer de sede e exaustão. Algum tempo depois o seu corpo foi encontrado e, para espanto dos viajantes, o bebé estava ainda vivo, supostamente graças ao leite que o corpo da sua mãe continuou a produzir, mesmo depois da morte. O evento foi considerado como milagre divino e o local foi assinalado com um pequeno altar" (fonte Wikipedia)."
"segundo a lenda, María Antonia Deolinda Correa era uma jovem mulher na década de 1840, que decidiu seguir o seu marido quando este foi recrutado para combater na guerra civil. Levando um bebé recém-nascido nos braços, Deolinda Correa seguiu o progresso do exército argentino durante algum tempo. Quando atravessou a zona desértica em torno daprovíncia de San Juan, os mantimentos e água que levava acabaram e acabou por morrer de sede e exaustão. Algum tempo depois o seu corpo foi encontrado e, para espanto dos viajantes, o bebé estava ainda vivo, supostamente graças ao leite que o corpo da sua mãe continuou a produzir, mesmo depois da morte. O evento foi considerado como milagre divino e o local foi assinalado com um pequeno altar" (fonte Wikipedia)."
Bom,
tanto na Argentina quanto no Chile é comum encontrar nas estradas
imagens desta "santa" e sempre muitas garrafas de água como oferenda.
Depois,
conheci uma história de um ciclista que ficou sem água na estrada e
um dia encontrou uma dessas imagens e pediu permissão à santa pra
usar desta água pra matar sua sede. E assim o fez e conseguiu seguir
até a cidade mais próxima para que pudesse se reabastecer.
Bom,
deste lugar seguimos finalmente a cidade de San Expedito, onde
passaríamos a noite. Neste caminho, na verdade desde a saída de
Mendoza, já senti uma mudança radical na paisagem. Era o sertão
mostrando sua cara. A paisagem cada vez mais seca, as casinhas já de
adobe na beira da estrada, o sol cada vez mais forte durante o dia e
um frio mais intenso pela noite. Características típicas de regiões
desérticas e isso tenderia a aumentar a medida que seguisse a norte.
Pedalar
em grupo, pela primeira vez nesta viagem, foi algo bem interessante.
Um aprendizado e tanto. Aprender que quando se está em grupo tudo é
mais complexo, as decisões, os horários. Tudo tem um lado bom e um
lado ruim. Mas desta experiência pude ver que ter boa companhia é
muito bom, o tempo passa rápido, pode ser muito divertido.
Neste
dia paramos pra comer um bom tempo, assim sem pressa, também saímos
pra pedalar mais tarde, tudo feito com muita tranquilidade.
Igualmente chegamos na cidade já noite, coisa que eu tento não
fazer se estou só... foi um dia bem divertido.
No
dia seguinte, infelizmente a Romina e o Cristian iam voltar pra San
Juan. Foi difícil a despedida, mas a certeza de que fiz mais uma
grande amiga no caminho. Nos falamos até hoje e muito em breve a
Romina estará na estrada. Ela encontrou a companhia de um amigo, uma
pessoa muito querida, o Matyas, que já teve uma linda experiência
de viagem pela américa do sul, em carro e que depois de conhecer a
Romina e outros ciclistas que passaram por sua casa, resolveu também
sair, em outra viagem, mas desta vez de bike.
Fico
feliz cada vez que encontro alguma pessoa que resolve fazer algo
assim, que tem coragem de romper com as formalidades que muitas vezes
são impostas pela sociedade. Romina e Matyas desejo que a viagem de
vocês seja muito linda e repleta de bons momentos e aprendizados e,
desejo principalmente, encontrar vocês pelo caminho.
Depois
das despedidas, segui com lágrimas nos olhos, em companhia do meu
amigo Carlos. Ele ia seguir comigo até a cidade de La Rioja.
O
Carlos também nunca tinha experimentado essa tal de cicloviagem. Ele
sempre pedalou, mas nunca havia viajado de bike e desde que passei
por sua casa ficou com essa pulga atrás da orelha.
Ele
me perguntou se podia fazer comigo um trecho da viagem e eu disse que
claro que poderia. Assim seguimos juntos pedalando por uma linda
região da Argentina. Chegamos a cidade San Agustin de Valle Fértil
onde descansamos por um dia e aproveitamos para ir visitar o famoso
parque Ichigualasto, onde fica o Valle de La Luna da Argentina. Um
lindo parque, pre-histórico, onde foram encontrados restos de
dinossáuros. Lindo lindo lugar e linda experiência.
Queria
também visitar o Parque Nacional Talampaya, mas este infelizmente
era muito caro para visitar, e também ficava um pouco mais distante,
o que inviabilizou sua visita.
Mas
no caminho a La Rioja passamos ainda pelo Parque Provincial El Chifon
e aí passamos uma noite acampados e aproveitamos para visitar este
lindo parque, que ainda não é tão famoso como os outros.
Neste
parque a visita foi realizada pelo guia Paco, uma pessoa extremamente
conhecedora da região . O parque também muito antigo contem
árvores fossilizadas e formações bem interessantes.
Essa
região da Argentina é muito bonita, tudo que vi já deu pra sentir
como seria seguindo rumo a norte. Fiquei feliz de ter tomado a
decisão de voltar a Argentina para conhecer um pouco da região
norte. Outra coisa que me deixou muito feliz foram as estradas,
nesta parte do caminho, estradinhas tranquilas, quase que sem carros,
se podia pedalar tranquilamente, admirando a paisagem, pensando na
vida, vendo o entardecer e, algumas vezes, até o nascer da lua e das
estrelas, sensação indescritível.
Chegando
em La Rioja também fiquei um dia pra descansar e pra conhecer. Aí
tomei a decisão de seguir em ônibus um pouco mais a norte. Foi uma
difícil tomar essa decisão porque sabia que ia deixar de pedalar
por lugares lindos da Argentina como Cafayate, Catamarca, Tafi del
Valle... Mas nem sempre se pode ter tudo ao mesmo tempo.
No
fundo foi bom, assim deixei uma parte bem bonita da Argentina pra
visitar posteriormente!!!
Despedi
do meu amigo Carlos, agradeci pelos lindos dias compartilhados, pela
sua disponibilidade de sair de tão longe para vir pedalar comigo.
Segui
de ônibus até a cidade de Salta e daí seguiria um pouco mais a
norte da Argentina e depois novamente rumo ao Chile!!!
Quer saber das outras pedalADAs e onde estou agora? Veja aqui no mapa !
Mais fotos deste trecho da viagem em aqui!!!
Resumo desta parte da Viagem:
Dia
142=> Mendoza a Media Água => 122 km => Hotel beira de
estradas
Dia
143=> Media Agua a San Juan => 62 km => Hospedagem
Warmshowers
Dia
144 e 145 => San Juan => Descanso
Dia
146=> San Juan a San Expedito = > 110km => Camping Municipal
Dia
147=> San Expedito a Chucuma => 96km => Casa
Dia
148 => Chucuma a San Agustin => 60km => Camping La Posta
Dia
149 => San Agustin => Descanso
Dia
150 => San Agustin a El Chifon => 74km => Camping ao lado do
restaurante
Dia
151 => El Chifon a Patquia => 74km => Hospedagem em casa na
cidade
Dia
152 => Patquia a La Rioja => 79km => Hostel
Dia
153 e 154 => La Rioja
Gostou da viagem, quer saber mais e principalmente fazer parte dessa ideia maluca?
Vem aqui e veja como pode colaborar!!! :)
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Bons pedais pessoal e até as próximas!!!
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