Uma pedalADA pela América - Ruta de Los Siete Lagos, com direito a belíssimas paisagens e até a paisagens com cinzas de um vulcão!!!
Bom, depois de chegar finalmente a Bariloche, me hospedei numa casa bem legal, a casa do Miguel e da Alejandra. Eles recebem viajantes do mundo inteiro. O Miguel apaixonado por bikes tem uma oficina em sua casa onde constrói bicicletas e também bagageiros, além de ter um museo em sua casa com bikes muito raras.
Nessa
casa descansei durante uma semana, enquanto esperava a Andrea chegar
e aí tive a sorte de conhecer mais cicloturistas, inclusive um casal
de brasileiros, a Lu e o Garibaldi, do Quintal do Mundo. Aproveitei a
companhia dos meninos pra falar bastante português e também
cozinhamos um monte. Vimos também um montao de filmes...foram dias
de descanso bem legais.
Depois,
os meninos seguiram viagem e em seguida outro casal, dessa vez da
Suécia, Emil e Johanna (The Big Trip) chegaram e me fizeram companhia por alguns dias. E muito bom
poder trocar experiência com outros cicloturistas. A gente sempre
aprende alguma coisa, tem referência de caminhos, enfim... uma
delicia essa troca de experiências.
Em
Bariloche não fiz muito turismo, na verdade tava com tanta preguiça,
uma vontade de ficar em casa...não sei se vocês sabem o que é
isso...rss... Mas, enfim, ainda assim fui conhecer o famoso Cerro
Catedral, subi de bike com meu amigo Carlos (de Lago Puelo) que veio
aqui só pra gente dar umas pedaladas juntos. Fomos também conhecer
os lindos lagos de Bariloche, o lago Gutierrez e o Lago Nauel Huapi.
Os dois são lagos de origem glaciar (por isso normalmente tem a água
muuuuiiiitttooo fria) , o segundo lago é bem grande, acho que mais
de 550km2 de superficie. Os dois são muito muito lindos.
A
Andréa chegou e finalmente seguimos para começar a Ruta de losSiete Lagos. Eu tinha muita expectativa nessa região, todos falavam que era
uma região muito bonita. Essa ruta é famosa, pois une a cidade de
Bariloche a San Martin de Los Andes, passando por mais de sete eu
acho, lindos lagos. Tem o nome de Siete Lagos, porque sete são na
verdade os maiores. E realmente é um lugar lindo pra pedalar.
Imagino que no verão deva ser perfeito, assim se pode desfrutar mais
de todos os lagos, fazer acampamentos a beira deles e aproveitar o
lindo visual.
A
chegada da Andréa foi deliciosa, pois além de trazer a sua linda
pessoa pra me fazer companhia de novo por alguns dias, ela trouxe
também lindos presentes pr mim.....Paçoquinha que eu AMOOOO (comi
umas dez numa tacada só), Bepantol (pomadinha pro pôpô), um
celular novo (finalmente ficaria conectada de enovo...) e um lindo
presente que a Maysa, uma amiga do Brasil enviou...haaa....que
delicia tanta coisa boa de uma vez só.
Pra
recebê-la aproveitei pra fazer pão de queijo...uma delícia...que
comemos ate dizer chega!!!!
Nosso
primeiro dia de pedal saímos super tarde, depois de uma da tarde. E
sempre num para e tira foto danado. Pegamos muito vento contra uns
30km depois de Bariloche, mas mesmo assim ainda conseguimos pedalar
um pouco, neste dia apenas 60km. Nao dava pra seguir mais, pois
escurecia e então, assim que encontramos um camping paramos.
O
camping bem na beira do lago...lindo lugar, colocamos a barraca, e a
noite chegou lindamente. Foi a primeira vez que consegui fotografar o
céu tao estrelado.
Neste
dia, depois de tanto vento contra, nossa jantinha era como um
banquete e até o arroz, puro, tinha um sabor especial. Mas,
confesso que fez muito frio esta noite!!!! Eu ainda consegui dormir
bem, mas a Andréa disse que quase não dormiu. Acho que fez tanto
frio porque estávamos literalmente ao lado do Lago.
Pela
manhã olhamos no GPS da Andrea e surpresa 4 graus. Mas calma...se
pensa que tá frio...dias depois nós literalmente quase congelamos.
Dia
seguinte mais um lindo dia. Pedalamos pouco ate Villa La Angostura,
uma cidade muito turística e por isso com preços absurdamente
caros. Achamos um albergue bem caro (acho que o mais caro que paguei
em toda Argentina 200 pesos), mas preferimos pagar, afinal Andréa (e
eu hahaha) não queria congelar na barraca de novo...rsss...
Há
nesse hostel conheci a Pilar e sua filha, elas são chilenas. A Pilar
super carinhosa, com aquele jeitão de mãe, me passou seu contato e disse que se eu passasse por
sua cidade podia ir ficar na casa dela. Eu disse que sim, claro que
eu a contactaria. E depois, vocês verão...realmente nos encontramos
de novo!!!
Desta
cidade até a próxima seriam algo como que 120km, de bastante
subidas, então, também pra desfrutar do caminho, fizemos em dois
dias.
Bom,
na saída de Villa La Angostura, um cachorro começou a nos
seguir...fizemos de tudo pra ele parar e nada. No caminho pedimos à
algumas pessoas pra tentar distraí-lo, mas durava pouco...lá estava ele atrás da gente de novo. Pedimos a um caminhoneiro que estava parado na estrada pra tentar segurá-lo enquanto a gente seguia, e ele foi super gente boa, fez de tudo, mas daí a alguns km lá estava o bichinho seguindo a gente.
Depois de uns 15km chegamos ao Lago Espellho e paramos pra tirar algumas fotos e comer. O cachorro sempre junto. Ele me fez lembrar o Albardinho (cachorro que encontramos lá no farol do Albardão na praia do Cassino, ainda no Brasil), porém em versão maior. rss...
Me preocupava o fato dele nos seguir, pois além de ser bem perigoso, porque ele ia bem no meio da pista e corria risco de ser atropelado, também teríamos que alimentá-lo e não sei se teríamos comida suficiente pra dois dias.
Enfim, neste lago, super turístico, toda hora parava uma van com um monte de gente pra tirar foto. Uma dessas pessoas que parou foi um brasileiro, ele veio conversar com a gente e claro, perguntou se estávamos viajando com o cachorro.
Explicamos a situação e ele, que estava de carro, se prontificou a levar nosso mascote de volta a cidade e deixá-lo no mesmo lugar que ele começou a nos seguir.
Ficamos muito felizes, afinal, sabíamos que assim ele estaria em melhores condições. Acompanhei a saída do mascote com nosso amigo no carro feliz porque a novela tinha tido um final feliz...rss...
O dia em que quase congelamos
Saímos do lago Espelho e seguimos estrada...lindo caminho cheio de lindas subidas também em meio a cordilheira.
Neste dia tivemos que acampar de novo, ao lado do lago. O camping
estava fechado. O funcionário, Sr. Francisco, explicou que nesta
época, depois da semana santa, todos os campings se fecham e voltam
a reabrir apenas em outubro.
Bom,
tentamos (eu com meu lindo portunhol) explicar pra ele que não
podíamos seguir, pois já era tarde e que de alguma forma teríamos
que passar a noite alí, se não no camping em frente a sua casa, na
beira da estrada. Por fim, ele deixou, mas pediu encarecidamente pra
gente sair antes das oito da manhã, pra que seu chefe não nos
visse.
Esse
camping fica no lago Falkner, outro lago bem bonito. Por sorte, havia
um lugar, com um tablado de madeira e também com um telhado. Não
pensamos duas vezes e armamos a barraca ai mesmo, pra tentar sentir
menos frio.
Nessa
parte do caminho não havia outra alternativa se não acampar, pois
não ha cidade próxima e nem mesmo pousadas, com preços mais
acessíveis. Mas, confesso que gosto de acampar. No frio bate uma
preguiça, mas é bem legal o contato com a natureza. As vezes queria
ter companhia porque assim poderia acampar mais...por medida de
segurança não acampo sozinha em qualquer lugar...isso as vezes é
um fator limitante e realmente se tivesse companhia teria
experiências bem legais acampando!!! Mas faz parte...tudo faz
parte!!!
Neste
dia a noite estava de novo muito linda, a lua maravilhosa, e eu,
principiante que sou, com a câmera boa sem bateria...aff...
Bom,
preparamos a nossa casa, nossa janta (deliciosa!!!) e fomos dormir.
Nesse dia fazia muito muito frio. Frio de congelar a mão e o pé.
Colocamos as roupas que tínhamos e também uma garrafa com água
quente dentro do saco de dormir, pra dar uma esquentada extra, já
que meu saco de dormir não era pra temperaturas tao baixas.
Essa
água quentinha segurou a onda ate umas 3 horas da manha. Mas depois
disso, jesuisss fez MUITO frio...frio de doer ...não consegui dormir
direito depois disso e nem a Andréa também.
As
sete tentamos sair da barraca, já que tínhamos combinado de deixar
o lugar antes das oito, mas foi humanamente impossível. Ficamos ali
mais uma hora e as oito, quando eu abro a barraca pra ver o dia, uma
grande surpresa, tudo do lado de fora branco. Tudo congelado. A
grama, o telhado tudo.
Olhamos
de novo no GPS e marcava, simplesmente -5 graus.
Logo
pensamos, se as oito da manha tá frio desse jeito, pensa no frio que
não fez a noite!!! Pensamos na sorte que tivemos de ter colocado a
barraca num lugar abrigado. Se não tivéssemos feito isso, realmente
teríamos congelado.
Enfim,
pra guardar as coisas foi um martírio. Tirava a luva os dedos
congelavam, botava a luva não conseguia fazer nada. O jeito foi ir
aos poucos guardando as coisas pra seguir.
Nove
horas, seu Francisco, o funcionário do camping, já estava nos
rodeando e só foi dar sossego depois que a gente deixou o lugar. Ate
compreendi seu medo, afinal cumpria ordens de seu patrão de não
deixar acampar no local.
Depois
de uma noite fria, tivemos um dia extremamente lindo...ceu azul
inigualavel...e chegamos a uma linda cidade chamada San Martin de Los
Andes, que fica as margens de outro lindissimo lago, o Lacar.
De
novo, depois da experiência congelante, fomos buscar um hostel.
Optamos pelo que a Carol Emboava já nos tinha recomendado. Este sim,
bom e não tao caro.
Resolvemos
que ficaríamos o dia seguinte pra descansar e conhecer a cidade, já
que era um lugar bem bonito e assim o fizemos.
A
Andréa resolveu tirar do armário seus dotes culinários e fez uma
janta (rizoto que eu amo) delicioso.
Dia, ou seria noite? O dia em que conhecemos as cinzas de um vulcão...
Bom,
dia seguinte, dia 23/04/2015 o despertador toca as 9:30 pra gente
sair pra tomar café...na preguiça de sempre, olho na janela e tudo
escuro. Pensei, meu relógio tá louco, voltei a dormir.
Minutos
depois a Andréa me chama, perguntando se não vamos tomar café. Eu
respondo, mas tá noite ainda...ela diz que não que eram quase dez
da matina.
Pensei,
ferrou...deu m&*¨¨&%$%¨$%# … na hora lembramos do
vulcão, que no dia anterior já tínhamos notícias que algo não
estava bem...e batata...as benditas cinzas do vulcão Calbuco, que
está ao sul do Chile, voaram e foram parar lá em San Martin. Tava
tudo tampado de cinzas, uma cena que eu nunca em minha curta (nem tão
curta ...rss) história de vida, havia presenciado.
Saímos
para o café e realmente tudo tapado, carros, casas, plantas, era
noite às dez da manhã...e caiam cinzas no ar...no café nos
explicaram que devíamos ficar em casa, nada de sair e caso saíssemos
tínhamos que usar máscaras...as cinzas são altamente tóxicas.
Caramba,
o dia ficou noite até umas duas da tarde, e depois foi o dia mais
estranho que vivi em minha vida...Não sabíamos ao certo o que viria
depois disso, um certo medo e apreensão tomavam conta, mas no fim,
sabia que tudo ia dar certo.
Agradeci
imensamente por estar em um lugar seguro, só pensava que no dia
anterior estávamos acampadas. Imagina se a gente tá no camping e
acorda com tudo com cinzas??? Ia pensar que o mundo tava acabando...
Bom,
ficamos neste hostel mais um dia e só saímos rumo a Junin de Los
Andes, porque no dia seguinte um outro cicloturista havia chegado e
disse que vinha de Junin. Então ele nos disse que Junin não estava
numa situação boa, mas que a ruta estava pedalável.
Assim
ficamos mais confiantes e no dia seguinte fomos a Junin de Los Andes.
Chegando lá não acreditamos, a situação era MUUUUIIITOOO pior. A
cidade tinha muito mais cinzas...tava muito feia a coisa.
Achamos
um hostel pra ficar e depois descobrimos que o passo Tromén, pelo
qual íamos cruzar ao Chile estava fechado, sem previsão de
reabir...
De
novo pensei...ferrou...mesmo assim ficamos uns 3 dias esperando e
nada. A Andréa estava já com os dias contados pra voltar pra
Bariloche, então, como ela queria cruzar ao Chile comigo, resolvemos
voltar a San Martin, dessa vez em ônibus, e tentar cruzar ao Chile
pelo passo Hua Hum.
Assim
fizemos...correria total. Chegamos a San Martin as dez da manhã,
tínhamos que trocar dinheiro e ver se tinha algum transporte até a
aduana...eram mais de 40km de terra e subidas até lá.
E
depois mais dez km de terra também até chegar ao barco, que cruzava ao
outro lado, a cidade de Porto Fue.
Mas
o barco saía impreterivelmente ás quatro da tarde...ou seja, era
muito corrido. Quase que impossível fazer tudo em tão pouco tempo....masss.... tentamos....
Como
não achamos transporte até a aduana, fomos pedalando e íamos
tentar carona...só que a carona só foi passar quase três da tarde,
dois guarda-parques do Parque Nacional Nauel Huapi, nos levaram em
suas caminhonetes.
Chegamos à aduana Argentina depois de três da tarde, e à aduana chilena, uns
20 minutos depois. O problema é que pra entrar no Chile eles são
muito muito criteriosos. Além de toda burocracia normal, revistaram
todos os alforjes, pegaram algumas de nossas comidas que não podiam
passar (ainda bem que meu doce de leite não foi
confiscado...hahaha), mas esse trâmite todo durou tanto tempo que
sabíamos que não conseguiríamos pegar o barco...
Eu e
Andréa conversamos e chegamos a conclusão que o melhor seria voltar
a Argentina...(o povo da aduana queria nos matar eu sei...rss ), o
guarda-parque que nos deu carona disse que podíamos dormir em sua
casa, e então pensamos que essa seria a melhor saída.
Seria
ali o fim da nossa viagem juntas. Neste momento, claro. De alguma forma, a Andréa
conseguiu cruzar de novo mais uma fronteira comigo, mesmo que só por
alguns metros. Mesmo assim, fiquei muito feliz, por ter sua
companhia, por dias tão especiais.
E também comemoramos juntas por ser o dia 100 da minha viagem...e que dia!!!!!
E também comemoramos juntas por ser o dia 100 da minha viagem...e que dia!!!!!
Oi Chile... hasta luego Chile....
Aqui Chile e alí na plaquinha verde Argentina... :)
Saímos e voltamos à Argentina num piscar de olhos...
Um
pouco tristes, fizemos o caminho de volta...regressamos a Argentina e
fomos recebidas pelo super simpático guarda-parque. E foi muito
especial passar a noite alí. Ele e sua gata, nos acolheram super
bem. Ele um conhecedor daquele lugar e de tantos outros lugares da
Argentina e Chile.
Gratidão
imensa ao Ricardo por nos acolher tão bem e gratidão infinita a
Andréa, essa amiga, companheira, que de novo veio aqui fazer parte
dessa minha loucura. Passando por tudo, noites quentinhas, outras
congelantes, umas em cama, outras na barraca, outras com jantar
especial, outras com jantar mais que especial feito sob a luz da lua,
por passarmos dias de sol, de vento e até dias de cinzas de vulcão.
Andréa,
quantas coisas vivenciamos nestes dias...daria sim pra escrever um
livro só com estas histórias.
Amiga,
te espero de novo, pra cruzarmos juntas, mais alguma fronteira!!!!!
Amor e muita gratidão por tudo!!!! Hasta Pronto!!!
Quer saber das outras pedalADAs e onde estou agora? Veja aqui no mapa !
Amor e muita gratidão por tudo!!!! Hasta Pronto!!!
Foi dura essa despedida....mas faz parte da vida...amiga, gratidão imensa por todos os lindos dias compartilhados!!!!
E de novo...cada uma seguindo seu caminho...hasta pronto Andréa!!!!
Mais fotos deste trecho da viagem em aqui!!!
Resumo desta parte da Viagem:
Dia 85 a 90 – Bariloche => ... a espera da Andréa
Dia 91 => Bariloche a meio do caminho (lago Nauel Huapi) - 60 km - Hospedagem Camping
Dia 92=> meio do caminho (lago Nauel Huapi) a Villa la Angostura - 38 km - Hostel Villa la Angostura
Dia 93 = > Villa la Angostura a Lago Falkner - 62km - Camping Lago Falkner
Dia 94 – Lago Falkner a San Martin de los Andes => 50 km – Hospedagem Hostel Rukoachue
Dia 91 => Bariloche a meio do caminho (lago Nauel Huapi) - 60 km - Hospedagem Camping
Dia 92=> meio do caminho (lago Nauel Huapi) a Villa la Angostura - 38 km - Hostel Villa la Angostura
Dia 93 = > Villa la Angostura a Lago Falkner - 62km - Camping Lago Falkner
Dia 94 – Lago Falkner a San Martin de los Andes => 50 km – Hospedagem Hostel Rukoachue
Dia 95 e 96 – San Martin de Los Andes => Dia de Folga – Dia da
erupção do vulcão Calbuco
Dia 97 – San Martin de Los Andes a Junin de Los Andes – 46 km –
Hospedagem Hostel El Reencuentro
Dia 98 e 99- Junin de Los Andes =>esperando a reabertura do paso Tromén para cruzar a Chile
Dia 100 – Junin a San Martin (bus) – San Martin a Paso Hua Hum –
45 km – Hospedagem casa do guarda parque
Gostou da ideia, quer saber mais e principalmente fazer parte dessa ideia maluca?
Vem aqui e veja como pode colaborar!!! :)
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Quer saber das outras pedalADAs e onde estou agora? Veja aqui no mapa !
Bons pedais pessoal e até as próximas!!!
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