Cicloviagem DICAS: Segurança, Hospedagem, Planejamento Financeiro, Coisas de meninas...
Como
eu disse no post anterior, muita gente me escreve com dúvidas em
inúmeros assuntos sobre cicloviagem, principalmente muitas mulheres.
Segurança
Acho
que a principal dúvida das mulheres é com relação à segurança.
Elas perguntam se eu não tenho medo e como faço principalmente no
quesito acampamento.
Eu
confesso que sim, quando saí tinha muito mais insegurança e também
muito mais medo. Mas tudo isso é uma questão de cabeça. É você
tentar controlar o psicológico para que esse medo não se torne algo
que te paralisa.
Um
pouco de medo é bom e faz parte. Te ajuda a ser mais racional em
algumas situações. Quando eu comecei a viagem me preocupava muito com
onde teria que chegar no dia seguinte, se aí encontraria um bom
sitio para passar a noite e já tentava planejar bem pra chegar numa
cidade ou povoado onde eu já tivesse um lugar pra ficar.
Viajei
assim por um bom tempo, tentando planificar muito bem as coisas,
porque o meu maior medo era de não conseguir chegar à uma cidade e
ter que ficar acampada no meio do nada.
Hoje
sou mais segura e completamente light com relação a esse assunto.
Começo meu dia de pedal tranquila e sempre tenho comigo algo que é
muito, mas muito importante mesmo: o
pensamento positivo. Sempre começo o dia agradecendo por
ter tido uma noite tranquila e segura e pensando que neste dia vão
acontecer coisas boas, entre elas, encontrar de novo um lugar seguro
e tranquilo para passar a noite.
Então
sigo o dia pedalando normalmente e a partir das 16hs (ou antes) começo a
procurar um lugar pra dormir. Se vejo que tem alguma cidade próxima e eu tento chegar, porque pode ser que tenha bombeiros por aí, mas se
vejo que não alcanço chegar numa cidade, procuro por um povoado ou
simplesmente uma casinha no meio do caminho e peço pra colocar a
barraca.
Então
no quesito segurança eu nunca tive problemas. Mas sigo uma premissa
básica: nunca pedalo pela noite. Sempre
tento pedalar até umas 16hs e a partir daí já busco um lugar pra
dormir...seja na cidade ou na estrada.
Outro ponto a se preocupar é com relação á estrada. Sempre dava preferência por estradas secundárias. Elas tendem a ser mais tranquilas e bonitas. Mesmo que tivesse que pedalar um pouco mais, acho que valia a pena.
Pedalar em estradas com fluxo intenso de caminhões e carros, mesmo que tenham bom acostamento, não é algo interessante do meu ponto de vista, além de ser muito mais perigoso.
Outro ponto a se preocupar é com relação á estrada. Sempre dava preferência por estradas secundárias. Elas tendem a ser mais tranquilas e bonitas. Mesmo que tivesse que pedalar um pouco mais, acho que valia a pena.
Pedalar em estradas com fluxo intenso de caminhões e carros, mesmo que tenham bom acostamento, não é algo interessante do meu ponto de vista, além de ser muito mais perigoso.
Hospedagem
Eu
tenho usado muito as redes sociais de ajuda com hospedagem que são:
Warmshowers,
uma página de gente que viaja de bike ou que simplesmente de pessoas
que querem ajudar os cicloviajantes. Eu gosto muito dessa página. Já
conhecia antes de sair nesta viagem. Eu tive 100% de experiencias
positivas com warmshoers, normalmente as pessoas que hospedam
entendem bem as necessidades básicas de um cicloviajante, porque
normalmente viajam ou viajaram também. São ótimas pessoas pra
indicar, entre outras coisas, as melhores estradas pra passar. Bom,
essa é realmente uma rede que funciona e que eu recomendo bastante.
O ideal é que você contacte a pessoa alguns dias antes pra
perguntar se podem ou não te hospedar.
Couchsurfing:
essa rede social é muito usada por viajantes em geral. Antes eu
confesso que tinha um pouco de receio, mais por não conhecer como
funcionava. Mas, assim como o warmshowers é também bem seguro.
Antes de pedir uma hospedagem sempre leio o perfil da pessoa, explico
que viajo em bicicleta. Nunca tive problemas também com esta rede. É
sempre bom ler antes as referencias das pessoas. Também vale a pena
pedir com mais antecipação.
Só
pra lembrar que essas redes sociais são muito mais do que um simples
pedido de hospedagem de graça. Normalmente é uma troca. A pessoa te
hospeda, ela te ajuda, mas vocês estão aí pra compartilhar
experiencias. A troca é muito importante. Eu fiz grandes amigos
usando estas redes sociais e sei que vou voltar a revê-los um dia.
Pra mim, estar com as pessoas da cidade é a melhor maneira de
conhecer um lugar. Você conhece a cidade e vive a experiencia de um
cidadão local e não tanto a visão somente turística. Realmente é
uma invenção genial essas redes. Assim que já tiver de novo minha
casa é algo que quero seguir fazendo...recebendo pessoas e me
fazendo sentir um pouco viajante sem sair de casa.
Outras
opções de hospedagem são :
Bombeiros:
esses são geniais também. Quase sempre ajudam com lugar pra dormir,
seja uma cama, ou lugar pra colocar barraca. Normalmente deixam usar
o banheiro , cozinha e até a internet (quando possuem). Realmente os
espírito de colaboração deles têm ajudado muitos cicloviajantes
de toda parte em todos os países. Até agora somente na Bolivia e
Peru usei menos, mas nos outros países normalmente são extremamente
hospitaleiros.
Igrejas,
escolas, municipalidade, policia: pra mim são opções,
normalmente nesta ordem, se não deixam dormir nos bombeiros. Também
oferecem o mais importante: um lugar seguro pra passar a noite.
Camping:
Se vejo que não alcanço chegar numa cidade busco um lugar onde
colocar a a barraca. Normalmente se encontra uma casa no meio do
caminho. Eu, por estar sozinha, sempre prefiro onde tenha gente por
perto, assim me sinto mais segura. Então busco uma casinha, que vejo
que é de alguma família (se tem criança melhor ainda) e peço
permissão pra colocar a barraca no quintal ou próximo à casa. As
pessoas do campo normalmente são gente muito boas e sempre ajudam.
Mas
também já aconteceu de colocar a barraca assim no meio do nada. Mas
isso foi em lugares onde as distancias são muito grandes, como norte
da Argentina, Chile (deserto de atacama) e algumas partes da Bolivia.
Mas aí, você está tão no meio do nada e é certo que nada de mal
vai acontecer...normalmente nem gente passa por aí....rss... Procuro
somente sair um pouco da estrada , busco um lugar mais escondido pra
armar acampamento e feito.
Postos
de Gasolina: outra boa opção pra montar acampamento são nos
postos de gasolina. Normalmente tem gente 24hs. Basta ver se tem um
lugar seguro, conversar antes com as pessoas pedindo permissão. O
Chile tinha uns postos de gasolina incríveis, com duchas com água
quente e até wi-fi.
Planejamento financeiro
Esse
tema é algo que também sempre perguntam. A parte financeira é
algo assim bem pessoal. Normalmente perguntam: “quanto se precisa
pra viajar de bicicleta”?
Essa
pergunta é muito relativa, pois você pode viajar com muito pouco ou
com uma fortuna. Depende do tipo de viagem que vai levar.
A
verdade é que tem que colocar na ponta do lapiz a estimativa de
gastos e no final fazer uma media por dia. Se você não vai viajar
com barraca deve levar em conta além de gastos com alimentação,
gastos com hospedagem.
No
meu caso, quando saí superestimei meus gastos, porque queria viajar
com uma margem de segurança pra caso eu necessitasse de pagar hotel,
por exemplo. Quando saí, como ia viajar por um ano, fiz um cálculo
de mais ou menos 15 dólares por dia.
A
verdade é que em um ano gastei muito menos e pude até extender um
pouco mais a viagem. Hoje meu orçamento gira em torno de 10 dólares
diários, mas ainda segue com uma margem de segurança. Alguns meses
eu gastei como que 7 dólares diários de média. Esse valor eu
coloco basicamente em gastos com alimentação, quase nunca tenho que
pagar hospedagem, mas as vezes sim. E também não viajo com luxo,
mas de vez em quando me dou alguns brindes como uma comida rica, uma
cerveja com amigos ou um vinho, ou uma entrada no cinema, coisas
assim da vida normal.
Mas
conheci gente que viaja das duas maneiras, com bastante dinheiro, ou
com bem pouco, como 3 dólares diários. O que na verdade é sim
suficiente se o gasto é só com alimentação básica.
Bom,
eu tive tempo de planejar a minha viagem, então, como a previsão
era de sair por um ano apenas, eu não queria trabalhar neste
período. O que fiz foi juntar dinheiro por mais de um ano, nesse
tempo trabalhei duro, abri mão de algumas coisas que fazia e juntei
o máximo de grana que consegui. Antes de saí me desfiz da minha
casa e vendi as coisas que tinha, como: carro e algumas coisas
pequenas de casa. Com isso já garanti um pouco mais de dinheiro.
Mas,
também conheço gente que saiu pra viajar sem nenhum tipo de
economia e no meio do caminho elas trabalham e garantem dinheiro pra
seguir viajando. São estilos de viagem diferentes, mas igualmente
bons. O lado bom de trabalhar quando viaja é o conhecimento
adquirido nestes diferentes trabalhos em diferentes países. A
“desvantagem”, se é que se pode chamar assim, é ter que ficar
mais tempo em uma cidade.
No
meu caso também tive algumas outras fontes de financiamento da
viagem. Vendo alguns postais pela internet no site da Vaquinha. A
contribuição é voluntária e envio uma foto pra casa do
colaborador. Mas é algo que fiz mais porque alguns amigos queriam
ajudar com dinheiro e pediram pra fazer algo assim. Mas acabou que
várias pessoas que nem conheciam colaboraram e seguem colaborando.
Mas é um dinheiro extra, não tem como contar, pois nunca tem como
prever a quantia que vão colaborar.
Durante
a viagem também usei outras fontes de financiamento como venda de
comidas nas praças e ruas (os brigadeiros no Equador foram um
sucesso) e também venda de artesanias. Eu sigo fazendo chaveiros de
bicicletas e algumas pulseiras de macramê, vendo, e também, na
estrada uso como moeda de troca por comida, frutas, pães. Funciona
bastante e é uma maneira bonita de deixar seu rastro pelo caminho na
forma de uma boa energia. Assim não se ganha muito dinheiro, mas é
algo que ajuda principalmente na interação com as pessoas locais.
Outras
maneiras de ajudar no quesito financeiro, e que se mescla um pouco
com o item hospedagem, são locais onde se pode trocar trabalho por
hospedagem e comida. Alguns hostels fazem esse tipo de troca. É uma
boa maneira de não gastar e ainda de aprender outro idioma, por
exemplo.
Existem
também alguns sites que se podem ver as empresas que aceitam esse
tipo de troca. Alguns deles são workaway, wwoof (permacultura).
Dinheiro,
como levar:
Um
outro assunto interessante e que pode evitar dores de cabeça é
sobre como levar o dinheiro na viagem. Imagina você, viajando de
bike, não vai ficar levando um montão de dinheiro por aí né?
Como
fazer então?
Bom,
eu, como disse antes, juntei dinheiro antes de viajar. Essa grana eu
coloquei numa conta poupança no banco. Então, tenho um cartão de
débito que me permite fazer saques em todos os países.
Normalmente
estes saques tem um custo um pouco elevado e o cambio de moedas é o
oficial. Sai então um pouco caro. Neste caso sempre faço poucos
saques, e sempre saco o maior valor possível (assim pago uma só vez
a taxa do banco).
Pra
uma viagem longa como a minha, sugiro que você tenha duas contas
diferentes em banco (eu tenho no mesmo banco). Movimento apenas uma,
mas tenho o cartão das duas (guardo em locais diferentes...rss..).
Se passa algo com um cartão (como já passou), posso usar o outro
cartão, transferindo dinheiro pela internet a outra conta. Isso
ajuda em casos de emergência.
Vale
lembrar que é bom também deixar uma procuração com uma pessoa de
confiança pra resolver questões no banco, eu por exemplo tive minha
senha bloqueada algumas vezes e somente com a ajuda de uma pessoa que
tinha a procuração no Brasil pude resolver.
Outra
sugestão é que tenha bom relacionamento com seu gerente do banco. O
meu muitas vezes resolve problemas e dúvidas mais simples por
e-mail.
Dúvidas
sobre temas femininos e viagem:
Para
saber sobre dúvidas mais femininas, sugiro que escutem um podcast especial que gravamos Eu, a Carol (Giramérica) e a Ana (Pedarilhos).
Cada uma contou suas experiencias de mulher e viajante e foi uma
gravação bem rica em conteúdos e bem divertida também. Aí
falamos um pouco de tudo: segurança, pedalar ou não naqueles dias,
relacionamentos, pedalar sozinha ou acompanhada, roupas,
hospedagem... Tá bem completo e gostoso de ouvir.
Tem também um post que escrevi há algum tempo que contempla outros posts que encontrei sobre o assunto.Clica AQUI!!!
É
isso, pra esse post já deu..rss...faltou falar de outras coisas, como: roteiro e preparação física pra viagem, mas em outro post falo destes assuntos.
Espero que tenham sido válidas as dicas e que, caso tenham
outras mais me enviem e tento responder. Porque a dúvida de um pode
ser de vários e um dos motivos de ter esse blog foi justamente de
poder ajudar às pessoas com dúvidas com relação à uma viagem de
bike.
Boas
pedaladas, bons ventos e até a próxima.
Gostou da ideia, quer saber mais e principalmente fazer parte dessa ideia maluca?
Vem aqui e veja como pode colaborar!!! :)
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Quer saber das outras pedalADAs? Veja aqui no mapa !
Bons pedais pessoal e até as próximas!!!
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