Guiana - Rumo ao inesperado!!!
Antes de sair rumo à Guiana, eu descansei em Boa Vista por uns dias.
Sobre esses dias em Boa Vista, que foram bem especiais, conto em
outro post.
Eu confesso que estava um pouco ansiosa, pra não falar com um pouco
de medo, do que eu encontraria pela frente.
Ainda em Boa Vista contactei algumas pessoas na Guiana pelo
Couchsurfing, mas apenas uma delas me respondeu. Era o Navim, um
homem da cidade de Georgetown. Aproveitei pra tentar tirar algumas
dúvidas com ele (nada melhor que alguém do país que você vai
visitar) e melhor ainda, ele me passou os contatos de algumas pessoas
em cidades que eu passaria. O Navim foi um anjo no meu caminho, tudo
se tornou mais fácil com a ajuda dele e das pessoas que ele me
indicou.
Saída de Boa Vista - Rio Branco
De Boa Vista à Bonfim, última cidade do Brasil antes da Guiana,
foram 120 km que fiz em tranquilos dois dias de viagem. A estrada uma
reta que só, com pequenas subidas, mas com um vento contra
constante, que vai minando suas forças até você quase que não
poder mais.
A paisagem bem parecida com a que vi na Venezuela nos últimos dias,
uma savana extensa... com a diferença que no Brasil não tem os
Tepuys, ou montanhas como se fossem grandes mesas, ao fundo, o que
faz com que a paisagem da Venezuela seja realmente mais bonita ainda.
No primeiro dia saí tarde de Boa Vista, como sempre deixei um monte
de coisas pra última hora. No meio do caminho armou uma tempestade,
por sorte encontrei um lugar pra parar. Era um pequeno bar na beira
da estrada que até cogitei a possibilidade de passar a noite. Não
fossem alguns detalhes que realmente me desanimaram...
Perguntei se tinham café. Resposta: NÃO. Olho as prateleiras e vejo
que eles tem bastante de outra coisa, a caninha 51 impera no
ambiente. Na verdade só dá ela. Os clientes, as três da tarde de
uma segunda-feira já estavam aos tragos de 5, acompanhados de uma
sinuquinha.
Achei melhor seguir, já que a chuva tinha dado uma trégua e que
ainda era cedo...
Meu pensamento ia longe...imaginava o que encontraria na Guiana,
pensava no meu péssimo inglês, tentava não ficar ansiosa e ter
medo, tentava não pensar no livro do Rafael Limaverde (ele infelizmente não teve uma boa experiência por lá)...
Em meio aos meus pensamentos vejo no retrovisor que uma moto se
aproximava bem lentamente. Já me preparei. Parei a bike e um rapaz
começa a falar comigo. Era o Diego. Ele tinha me visto lá no
barzinho da 51 minutos antes.
Depois de alguns minutos de conversa ele diz, amanhã no km 80 você
para, tem um bar chamado Tucano, vou deixar um lanche pago pra você
lá.
Eu aceitei feliz da vida. O km 80 seria bem a metade do meu caminho e
não seria nada mal ter uma merendinha por lá.
Agradeci imensamente. Retribuí o carinho com uma bicicletinha e
seguimos, ele na moto e eu com a Branquinha.
Agradeci aos céus pelos anjos do caminho que sempre aparecem. É
sempre muito bom voltar a pedalar. A estrada enche o coração de fé
e esperança na vida e nas pessoas.
Pedalei mais 25 km neste dia e às 17hs parei numa casinha simples na
beira da estrada. Que sorte ser recebida por mais uma família linda.
A Ana, uma mocinha jovem com dois filhos, Lucas e Ana Maria, vivia
ali numa pequena casinha de madeira com o marido. Outro bem jovem.
Fui chegando e perguntando se podia passar a noite
por ali, e eles disseram sim no primeiro instante. Já me deram
melancia
geladinha de boas vindas. A Ana e o Lucas me fizeram companhia pela
tarde...vimos mais um por do sol lindo, coisa normal nessa região.
Coloquei a barraca debaixo de uma varandinha deles, que sorte, porque
caiu uma tempestade de noite. Neste momento tranquilamente escrevo de
dentro da barraca ouvindo o barulhinho bom de chuva. AGRADEÇO!!!!
Vez e outra Lucas aparece pra ver o que eu tô fazendo.
Dia seguinte saí antes das sete. Despedi da família linda e segui
viagem.
Já nos primeiros quilômetros de novo os pensamentos vão lá pra
Guiana... Estava mais ou menos como milhões de pessoas que possuem
um vizinho muito próximo, no meu caso a Guiana, mas, com a correria
da vida, não sabem quase nada a respeito dele. Nunca tive tempo de
dar um oi. Sei que ele existe, que está lá.
Mas um dia, curiosa que sou, resolvi ir lá visitá-lo. Não tenho
ideia do que vou encontrar, mas vou lá conferir. Espero apenas ser
bem recebida. Vou de coração aberto e acho que com isso as coisas
vão sair bem.
Neste dia o pedal não rendia...
Parava pra ir ao banheiro. Pra pedir café. Pra coçar a perna. Pra
descansar do vento contra que me matava... Hoje o mar não tava pra
peixe e nem a estrada pra ciclista.
Eu estava cansada dessas subidinhas falsas que fingem que não
existem mas que lentamente vão te mandando. E tudo isso acompanhado
daquele lindo vento contra que igualmente fingindo não existir me
matava lentamente.
Cheguei a conclusão que melhor seria ficar em Bonfim e somente no
outro dia cruzar fronteira.
Neste dia os podcasts me salvaram. Foi podcast de tudo quando há.
Desde Portal Extremos, CBN e até Café Brasil.
No podcast do café Brasil o locutor citou um poema do poeta português José Saramago que caiu pra mim
como uma luva.
Acho que a pergunta que mais me fazem na viagem é qual é minha
idade. As pessoas têm a necessidade de te enquadrar num número e
com base neste número tiram um monte de conclusões. Então esse
poema resumiu de maneira brilhante tudo que penso da idade.
Quantos anos tenho?
Tenho a idade em que as coisas são vistas com mais calma, mas com o interesse de seguir crescendo.
Tenho os anos em que os sonhos começam a acariciar com os dedos e as ilusões se convertem em esperança.
Tenho os anos em que o amor, às vezes, é uma chama intensa, ansiosa por consumir-se no fogo de uma paixão desejada. E outras vezes é uma ressaca de paz, como o entardecer em uma praia.
Quantos anos tenho? Não preciso de um número para marcar, pois meus anseios alcançados, as lágrimas que derramei pelo caminho ao ver minhas ilusões despedaçadas…
Valem muito mais que isso
O que importa se faço vinte, quarenta ou sessenta?!
O que importa é a idade que sinto.
Tenho os anos que necessito para viver livre e sem medos.
Para seguir sem temor pela trilha, pois levo comigo a experiência adquirida e a força de meus anseios.
Quantos anos tenho? Isso a quem importa?
Tenho os anos necessários para perder o medo e fazer o fazer o que quero e o que sinto.
Há vale lembrar que neste dia dei a paradinha lá no restaurante
Tucano. O Diego realmente deixou pago o lanche...há sem palavras por
tamanha gratidão.
“Todo dia, ainda que não seja um dia tão bom,
aparece algum anjo. Ou um monte deles. O mundo está cheio de anjos.
Basta ficar atento e você verá!”
Preciso confessar uma coisa: acho que meu anjo da guarda aparece na
forma de borboleta amarela. Inexplicavelmente, quase todos os dias,
em diversas paisagens, sempre aparece uma borboleta amarela... vai
saber...
Chego a Bonfim ainda cedo. Paro num posto de gasolina (amo os postos
de gasolina do Brasil). “Roubo” água estupidamente gelada,
Wi-Fi, e só não “roubo” o café porque já tinha acabado.
Em alguns minutos chegam uns homens e começam a tomar cerveja e a
fazer perguntas, disseram que me viram na estrada. Pagaram um refri.
Conversa vai e conversa vem eles compram uns chaveiros e umas fotos.
Me despedi, disse que ia buscar lugar pra ficar e eles me indicam a
PM da cidade.
Fui lá, sem sucesso. Não me deixaram nem acampar do lado de fora. A
cidade era muito tranquila. Nem parecia fronteira. E o que mais tinha
era bons lugares pra acampar nas praças e quintais de casas. Me
lembrei da Kassia e do Rubem, aqueles amigos que pedalei um bom tempo
juntos. Eles, no Brasil, disseram que o melhor lugar pra ficar eram
escolas. Resolvi, então ir em uma. A diretora sensibilizada me
deixou ficar. Disse ainda que eu podia ir na casa dela tomar banho.
Fiquei feliz da vida, mas neste dia tive sorte maior ainda. A
diretora disse que eu nem precisava voltar pra escola. Podia ficar na
casa dela mesmo. Me deu ainda uma bela de uma janta. Dormi (ou
tentei) de novo tranquila, feliz, na companhia de uma linda família.
No outro dia acordo cedinho. Queria cruzar fronteira o mais cedo
possível. Ninguém na casa acorda. Fiz algo que não gosto de fazer.
Saí sem me despedir. Deixei um bilhete agradecendo por tudo, por
todo carinho e expliquei que não pude esperar. Espero que eles me
entendam. (Depois recebi mensagem da diretora e eles entenderam
sim... :) ).
Bom, primeiro me dirigi à Polícia Federal do Brasil pra registrar
minha saída. O policial com muita educação quis dizer que eu era
meio louca em ir de bicicleta.
Alguns quilômetros depois cruzo a ponte que
divide os dois países. E foi só cruzar a ponte que começa a sessão
de manotas (manota pra quem não sabe é um termo bem mineiro que quer dizer dar um fora, uma mancada) ... I'M IN GUYANA!!!! Estou na cidade de Lethem.
Primeiro, drasticamente, muda a mão de direção. Claro. Aqui é MÃO
INGLESA sua tonta. E claro eu ia dirigindo no meu lado habitual,
quando vejo que todos os carros vem quase pra cima de mim...
Depois na imigração da Guiana troco as primeiras palavras em
inglês, mas eles fizeram de tudo pra me entender. Até
desenharam.Foram supersimpáticos, tirando um engraçadinho que
quando soube que eu ia de bicicleta disse que eu demoraria um mês
até a capital Georgetown. Detalhe que eram apenas 550 km.
Há, esse foi o primeiro país que me pediram o certificado da febre
amarela, ainda bem que eu tinha.
Segui pro centro da cidade, parecia uma cidade tranquila. Em Boa
Vista me disseram que era cidade faroeste... Fui tentar trocar
dinheiro (odeio essa parte burocrática que sempre tem que fazer
quando se cruza uma fronteira) e também queria encontrar a Geralyn
antes de seguir pedalando.
A Geralyn foi um contato que o Navim, aquele amigo anjo de Georgetow, me passou.
Já chegando na cidade escuto umas palavras em português, penso:
aqui tá bom de parar. Era uma lanchonete. Pergunto ao senhor onde
podia realizar uma ligação. Logo, como um anjo, aparece uma mulher
e me empresta seu celular.
Consigo falar com a Geralyn (sorte que ela falava português). E fui
pra casa dela esperá-la.
Ela me recebeu com sua família: marido, dois filhos e a irmã. Em
dois segundos me convenceram a seguir apenas no dia seguinte. Aí
passei a tarde e tirei todas as dúvidas do caminho.
O marido dela, o Júnior, já foi motorista nessa estrada e ele
conhecia bem os riscos do caminho. Ele me disse que até a cidade de
Kurupukari era possível ir pedalando. Mas depois disso, até a
cidade de Lindem, seria algo bem arriscado. Arriscado por alguns
motivos: era pura selva, floresta fechada, com distâncias muito
longas sem nada de ponto de apoio, isso implicaria em risco de
encontrar animais (como por exemplo o “jaguar” ou onça) e também
risco com os outros animais, os humanos. Esses aí, por incrível que
pareça mais perigosos. (Foi triste escutar isso, mas era verdade).
Isso significaria que eu teria a possibilidade de pedalar 230 km e
depois teria que fazer 200 km de carro e depois pedalar mais 100 km
até finalmente chegar a cidade de Georgetown, capital da Guiana.
Aceitei bem as considerações do Júnior e da família. Nada melhor
que escutar a opinião das pessoas do lugar. Porque eu escutei coisas
horríveis da Guiana antes de chegar aqui, mas de pessoas que NUNCA
tinha vindo pra esses lados, ou que, se vieram, foi há muito tempo.
O entardecer na cidade de Lethem foi lindo. Me disseram que aqui era
igual cidade-fantasma, porque todos os dias, lá pelas seis da tarde,
a luz da cidade acabava. Todo comércio fechava e todos iam pra suas
casas.
Foi realmente isso que aconteceu. Mas pra mim não teve nada de
cidade-fantasma. Talvez porque eu tinha de novo um porto seguro. Pra
mim foi muito lindo e poético esse entardecer.
Da casa de Geralyn eu via poesia no céu de cores lindas que
anunciava o fim do dia. E depois, vi um céu estrelado como em poucos
lugares se pode ver.
O silêncio tomou conta do lar. Era hora das
crianças dormirem. Só os sapos cantavam lá fora e bem de longe
escutava um reggae que me fazia sentir na Jamaica.
Na sala armei minha barraca, meu porto seguro contra os carapañas (como chamam os pernilongos aqui e no norte do Brasil) .
Dali mesmo, em meus pensamentos, agradeci a Geralyn e a Deus por mais
uma família que tinha me acolhido.
Eu tenho certeza de que em todos os lugares existem pessoas boas e eu
tive a sorte de entrar neste país e já encontrar gente da mais pura
beleza.
Só isso já encheu meu coração de esperança e o peito de fé de
que tudo daqui pra adiante vai dar certo.
“Andar com fé eu vou que a fé não
costuma faiá”!!!
Acordei cedinho e tentei não fazer barulho pra não acordar a
família. Guardei minhas coisas e neste tempo eles acordaram. Tomamos
café juntos, nos despedimos e eu caí na estrada.
Antes disso tudo, foi lindo ver o amor e carinho com que a Geralyn e
o Júnior arrumavam as crianças para ir pra escola. Ele passava
roupa, ela dava banho. Ele vestia as crianças e perfumava cada um.
Ela arrumava os cabelos dos pequenos. Eles iam tão arrumadinhos que
dava gosto de ver.
Na TV, enquanto isso, passava Bom Dia Brasil, Globo. Acreditem, esse
é o único canal que pega nas TVs sem antena nenhuma.
Antes das crianças seguirem pra escola, foto com a família. Abraço
apertado e a certeza de que nossos caminhos serão lindos.
Sigo ansiosa pra pedalar meus primeiros quilômetros de Guiana.
E já nos primeiros quilômetros senti o drama. Muita, muita lama.
Sorte que não tinha saído no dia anterior, porque a chance de
desistir seria grande.
Depois, a estrada melhorou um pouco, menos lama. Mas eu sabia que
seriam 230 km de estrada de terra e muitos buracos. Era temporada de
chuva e a realidade seria essa.
Vez ou outra passava um carro. Buzinavam, cumprimentavam, as vezes
perguntavam algo e quando eu entendia, com meu super inglês buscava
uma resposta.
No caminho para uma van e o homem me pergunta de onde eu era. Quando
respondi ele começou a falar em português. Disse que era da
Inglaterra, mas viveu anos no Brasil e Guiana. Disse que ia pra uma
fazenda que ficava há uns 35 km dali. Ele ia encontrar o presidente.
Me disse que se eu quisesse parar por lá seria bem-vinda. Me disse
ainda que ele era dono de um hotel no caminho, me deixou o cartão e
convidou pra parar por lá.
Pensei: nossa, quanta coisa boa. Já pensou se eu encontro o
presidente? Ia ser simplesmente demais. E ter lugar pra dormir, isso
nem se fala como é bom.
O resultado é que quando passei pela fazenda a comitiva presidencial
já tinha saído...claro!!! Eu com meu pedal de tartaruga e o sol de
rachar não chegaria a tempo mesmo. Cuen cuen cuen. Não foi dessa
vez que tirei foto com um presidente. Que triste.
Segui pedalando e parecia que eu era o único ser vivo nas
redondezas. Sol e uma reta infinita. Quilômetros depois vejo um
homem numa bicicleta. Pergunto se ele sabia onde teria uma casinha
que eu poderia parar, já estava ficando tarde. Ele disse: láaaaaaaaa
perto daquelas montanhas.
Meu, eu pedalava, pedalava e as montanhas pareciam ilusão de ótica.
Não chegavam nunca. Resultou que minha água estava nas últimas,
isso me preocupava. O primeiro carro que passou pedi água. Graças a
Deus eles tinham e encheram minhas garrafas. A mulher admirada
pergunta pra onde eu ia. Respondo. Ela com cara de espanto me
pergunta se eu não tinha medo. Eu pergunto: porque, é perigoso? E
sorrio.
Ela
só responde: There
are tigers!
Eu só penso...de novo as onças no meu caminho...será dessa vez que
encontro uma?
Seguimos viagem, eu mais tranquila que agora tinha água. Mas já
pensando que poderia acontecer de ter que acampar longe de qualquer
lugar, afinal essa casinha não chegava nunca.
Mas depois de pedalar uns 10km, uma hora mais, vi de longe a casa...
abri o sorriso de felicidade.
Ainda tive que pedalar mais alguns minutos até finalmente chegar na
casa do Fred. Ele na verdade era o caseiro da fazenda. Vivia ali com
os filhos. Me deixou dormir na varanda e ainda tomar banho. Que
alegria.
De novo ganhei de presente um entardecer maravilhoso e uma noite
linda. Da rede pude contemplar o céu por alguns minutos. Até que os
carapañas começaram a me trucidar. O jeito foi correr pra barraca.
De lá, ainda podia ver as milhares de estrelas no céu. Nestes
momentos não tem como não agradecer a vida e a todos os presentes
maravilhosos que ganhamos todos os dias.
Da barraca escrevo, ao som dos sapos (os maiores cantores da
natureza) e ao som da rede Globo. Parece até que continuo no Brasil.
Já até sei que o “Cunha” acaba de renunciar...
Ao som do plim-plim pego no sono.
(P.S: Acho que nem no tempo que passei no Brasil escutei tanto a rede
Globo como em dois dias de Guiana....)
Mais um dia sorri lindo no horizonte. Eu trato logo de arrumar as
coisas e tomar café. Ainda compartilho um bom café preto com
rapadura com o Fred e seus filhos. Esqueci de contar, o Fred, acho
que de tanto assistir televisão, também fala português. Não!É
mentira...ele viveu no Brasil por uns anos...hahaha.
A estrada neste dia tava linda demais pra pedalar. O dia estava
deslumbrante. As cores lindas e vibrantes e os passarinhos fazendo
hora com minha cara cada vez que eu parava pra tentar fotografá-los.
Eu nem ligava, seguia tentando.
Mas de repente o tempo fecha e vem uma tempestade. Nada de casinha ou
abrigo pra parar. O jeito foi seguir pedalando mesmo com chuva. Assim
foi por mais de uma hora.
Paro num povoado, e pergunto se estava longe de Aranaputa, lugar que
eu supostamente ia dormir. A senhora sorri e me diz que era ali
mesmo. Nem eu acreditei como passou rápido. Neste povoado eu tinha
um contato com uma pessoa, também amiga do meu anjo Navim. A Nichole
que trabalha no posto de saúde. Parei lá e fui conversar com ela.
Ainda era cedo, 12hs, e eu tava no pique. Disse a ela que ia seguir
mais um pouco. Conversei sobre o caminho. Ela me tranquilizou e disse
que até onde eu pensava em seguir era tranquilo. Agradeci pela ajuda
e segui pedalando. Passando por povoados bem simpáticos.
Alguns poucos quilômetros depois vejo uma placa do hotel daquele
amigo que tinha conhecido no dia anterior. Eram duas da tarde. Já
tinha pedalado mais de 50km, pensei: porque não?
Fui pra lá e pedi abrigo. Ele não estava, o filho dele me recebeu.
Não rolou suíte máster, mas me deixaram acampar num lugarzinho bem
bom. Mas, ali tudo era um negócio. Se quisesse usar internet, meia
horinha, eram DEZ reais. Jesuis...agradeci, ficava mais um dia sem
internet mesmo.
Passei a tarde relaxada na rede. Cozinhei comida boa. Escrevi
bastante. O lugar era lindo, perfeito pra descansar. Era tudo que eu
precisava.
No fim do dia meu amigo chega. Ele me presenteia com a senha do
Wi-Fi, quanta alegria. Converso bastante com ele sobre o caminho. Ele
me disse que podia seguir tranquilamente até onde eu pensava, ainda
que seriam 80km dentro de pura floresta. Mas, neste meio do caminho
ele me indicou um lugar pra passar a noite. Era outro hotel, ou
Lodge, como eles chamam aqui.
Resolvi que ia pedalando mesmo até Kurupukari e que se eu
encontrasse onça no caminho (isso era o que todos me diziam ser o
maior risco) eu ia parar, tranquilamente pedir permissão e passar.
Hahaha simples assim. Vai ver na hora H.
No dia seguinte eu teria apenas 45km até o lodge no meio da
floresta. Acordei na preguiça, tomei café tranquilamente. Até fiz
pãozinho fresco com ovos nesse dia. Um luxo que só. E então segui.
Coloquei música pro café da manhã. Foi somente Tom e Elis e foi em
homenagem a uma pessoa muito querida que no dia anterior tinha virado
estrela. Era o Cravo, o pai da minha amiga/irmã Thaís. Dediquei a
ele alguns minutos do meu pensamento. Pensei no quanto ele era
importante, primeiro porque tive a sorte de ser amiga da filha dele,
pessoa que tenho muito carinho, admiração e amor de irmã, ainda
que a vida tenha nos separado tanto.... e depois, ele foi muito
importante, porque, no auge dos meus 9 ou sei lá 10 anos de idade,
me apresentou o melhor da poesia e música brasileira, me apresentou
Tom Jobim.
E eu não esqueço isso...não esqueço as boas músicas que sempre
escutava quando ia pra casa deles passar o dia... muito obrigada por
tudo Cravo...ainda que você não saiba...você teve muita
importância na minha vida...vai agora ser estrela e cantar e tocar
(porque você é um ótimo músico também) lá no céu!!!
Sem querer fazer tudo parecer muita coincidência, esse dono do hotel
que eu estava, o Colim, me lembrava muito o Cravo. Bom, coisas da
vida. Despedi dele com abraço apertado. Ele me desejou bendições e
segui meu caminho.
Eu ia tranquila tranquila. Cheguei num povoado chamado Madonna. Já
tinha escutado desse lugar. São apenas algumas casinhas e a
matriarca do lugar se chama, claro, Madonna. Queria conhecê-la. Mas
ela tinha saído. Parei aí alguns minutos pra um lanche. Uns homens
que trabalhavam no local já sabiam da minha existência, pois tinham
me visto na estrada dia desses.
Eles perguntam pra onde eu ia. Respondo. Eles perguntam em tom de
espanto se eu ia passar na floresta e se, de novo, eu não tinha medo
de onça. Respondo que tinha medo, mas que eu ia sim tentar pedalar
mais estes 80km que me separavam de Kurupukari.
Depois de alguns quilômetros na estrada um lugar bem estranho. Era
um posto policial. Tive que parar, responder a uma série de
perguntas e mostrar o passaporte. Eram dois homens bem estranhos,
vestidos com roupas comuns e, que, de policiais não tinham nada.
Mas, fiz o que me pediram, pedi um pouco de água e segui.
Agora é que a porca torce o rabo, como diz o dito popular. Era eu, a
Branquinha, a estrada e a floresta. Depois desses 80km de floresta
tinha um rio, e pra cruzar esse rio tinha que ser de balsa. A balsa
tinha os horários certos. E por isso já não passavam mais carros,
porque sabiam que se passasse teriam que esperar até o outro dia pra
cruzar o rio.
Era só eu e a floresta mesmo. Eu ia tentando relaxar. Na verdade,
inexplicavelmente, estava muito mais relaxada que quando passei na
Reserva Waimiri Artroari lá no estado Amazonas/Roraima no Brasil.
Se eu fosse pensar, o nível de periculosidade aqui era grau 10,
porque era uma florestona, uma estradinha no meio dela e eu. Nada de
carros. Nada de índios. E sim, muitos animais em volta.
Mas, eu estava de coração tranquilo. Fui escutando os barulhos e
pensando: como tem pássaros escandalosos neste mundo, meu pai do
céu! As araras são um deles. O que tem de escandalosos tem de
bonitos. Nunca estão só. E aqui são vermelhos. Lindos. Pena que
não queriam sair na foto.
Pássaro vai, pássaro vem, resolvo olhar pro chão...oh ou... vejo
pegadas bem fresquinhas... eu só penso... “acho que são de um
gatinho”...
O problema é que esse gatinho era bem grandinho, porque as pegadas
eram grandinhas...fui seguindo os passos dele(s) que logo entraram em
meio à mata...acho que foi a vez que estive mais perto deles. Meu
pai do céu. Foi um misto de medo e alegria. De desejar vê-los e de
não desejar. Sentimentos estranhos. Eu, tenho pra mim que ele, ou
ela, ou eles ou elas, me viram sim. Devem ter pensado: “ o que essa
maluca faz por aqui, sozinha de bicicleta. É perigoso, tem humanos
perigosos por aqui”.
Na verdade o que me tranquilizava era o meu pensamento de que estes
animais não querem ver humanos, eles tem medo e só vão atacar se
se sentirem numa situação de risco. O que não era o caso.
Ainda no caminho vi uma cena linda. Já quase chegando no lugar que
ia passar a noite, paro numa ponte, escuto uns barulhos vindo do rio.
Quando vejo bem, era um grupo de animais, que infelizmente não sei
quais são, mas penso que são lontras. Que se divertiam horrores no
rio. Era sábado a tarde e eles brincavam feito um bando de crianças
felizes.
Foi notarem a minha presença que foram lentamente se distanciando.
Eu saí feliz da vida por ter visto essa cena.
Alguns metros depois vejo a placa do Atta Lodge. Era aí que eu ia
ficar (se eles deixassem, claro)!
Pedalo 1,5 km pela mata fechada e chego no lindo lugar. Vejo uma
mulher descansando na rede e interrompo o seu sono, conto minha
história e pergunto se posso passar a noite.
Ela chama o responsável e junto com ele volta com um copo de suco e
umas bolachinhas. (Como não amar essas pessoas!!!).
Me autorizam a passar a noite, mas não querem que o chefe fique
sabendo disso...digo que vou manter o bico fechado (espero que ele
não leia o blog).
A Wanda, essa funcionária super simpática que me recebeu, me convida
pra ir fazer canopping, ou arvorismo. Eu nem acreditei. Aceitei na
hora. Seguimos juntas pela mata, trilha adentro e depois vendo toda
floresta bem de cima da copa das árvores. Nem acredito, nunca tinha
experimentado isso.
Voltamos, confirmei com os funcionários do hotel, que as pegadas que
eu tinha visto (e tirado foto) eram mesmo de um gatinho chamado
Jaguar... ai meu Deus. Realmente acho que nunca estivemos tão perto
assim.
Preparei meu jantar sob a luz do luar e vendo as estrelas. A Wanda me
disse que eu podia dormir no quarto dela, numa CAMA que tinha lá.
Nem acreditei. Dormi numa cama gostosinha e num quarto de madeira bem
quentinho só escutando o som da chuva caindo no telhado.
Agradeci e pensei em quanta coisa boa aconteceu e vem acontecendo
neste caminho que tantos disseram ser tãoooo perigoso.
Acordei animada pro último dia de pedal na floresta. Faltavam 55 km
e se eu pedalasse bem, num ritmo tranquilo, conseguiria chegar pra
balsa que cruzava o rio às 13hs.
Preparei um bom café, tomei e arrumei as coisas.
Despedi dos garotos e da Wanda. Agradeci por tudo que fizeram por
mim.
Os primeiros quilômetros de pedal vinham acompanhados de muitos
carros.
Mas fui tranquila, aproveitando minha floresta. Tive a sorte de tirar
boas fotos, vi um sapo lindo...olhar tristonho, tão pequeno, que
ficou paradinho, por minutos, imóvel, esperando eu tirar várias
fotos.
Foi engraçado porque eu conversava com ele e dizia pra ele sair do
meio da estrada, porque eu ia devagar e pude vê-lo, mas esses carros
vinham como loucos e, ele aí dando sopa, ia virar folha de papel.
Na saída agradeci pelas fotos e reforcei pra ele se mover dali.
Parece mentira, mas fui pedalando, segundos depois paro e olho pra
trás. Cadê ele? Já não estava mais lá...se foi pra algum lugar
mais seguro. Só esperou a sessão de fotos. Vai ver ele me escutou
mesmo.
Segui feliz da vida até que começa um bando de subidinha e
descidinha que não acabavam mais. Essas estradinhas tobogãs sabe?
Nessas horas ou salva, a música, ou podcasts. Foram meus dois
companheiros de caminho.
E antes das 13hs, eu consegui chegar na beira do rio. Antes disso
passo por outro ponto de controle policial. De novo o carinha que me
atendeu não tinha cara nenhuma de polícia. Ficou foi fazendo
piadinha desnecessária (homens!!!).
A balsa ainda não tinha saído. Fiquei esperando, num solzinho
maneiro aproveitando pra comer alguma coisa e admirar a paisagem.
Lá do outro lado o homem
recomenda um lugar pra passar a noite, porque o que eles chamam de
ônibus aqui (umas vans) só passariam no outro dia cedinho.
Nesse lugar encontro a
Samantha, uma menina divertida que trabalha por aí há alguns meses.
Ela diz que quer ir trabalhar no Brasil, já até arrisca algumas
coisas no português.
A Samantha diz que eu posso
ficar os dias que eu quiser, sem pagar nadinha por isso. Depois, como
sempre, vem com todas as perguntas clássicas: quantos anos você
tem? Mas sozinha? Você não tem medo não? Tem muita onça por aqui!
Quando ela solta essa, eu
pergunto: me diga com toda sinceridade do mundo, quantas vezes você
já viu uma onça?
Ela sorri e responde: a última
vez que vi faz uns três dias e foi bem aqui na frente. Tava bem por
ali, caminhando.
Se é verdade ou não, não
sei. E não vai ser dessa vez que vejo, porque amanhã sigo de “bus”
pra Lindem. Serão 200km que farei de carro porque quase 100% dos
entrevistados disseram ser muito perigoso, ainda mais pra uma MULHER
SOZINHA pedalar nessa área! Sempre esse é o problema. Mas dessa
vez, achei melhor escutar os amigos e não pedalar.
Passei uma bela noite na rede e
no outro dia cedinho já tinha lugar reservado no buzão.
Mas sempre, colocar a bike em
ônibus, carro, avião, ou seja, o que for é dor de cabeça. O cara
queria cobrar quase que o dobro do preço normal, só porque eu
levava a Branquinha comigo. Eu tive que gastar meu inglês com ele
dizendo que nem se ele quisesse eu teria dinheiro pra pagar. No fim
das contas paguei o valor que seria correto. Mas antes, uma dorzinha
de cabeça, claro.
A estrada era igualmente à que
eu vinha pedalando nos últimos quilômetros. A diferença é que
realmente foram uns 100km sem nadinha de nada e nos outros 100 alguns
povoados e muita extração de madeira.
Essa é a desvantagem de ser
mulher e estar só. Meu maior medo nem era a floresta e seus animais,
mas sim medo do bicho-homem. No fim foi realmente melhor ter feito
esse trecho de carro. Dá pena não pedalar num lugar tão bonito,
mas as vezes é necessário.
Na van, encontro duas
brasileiras que trabalham aqui na Guiana nas mineradoras. Bom, agora,
depois de alguns dias por aqui, posso contar um pouco do que descobri
desse pequeno país.
Acreditem ou não é um país
que tem apenas 50 anos de independência. Antes era colônia da
Inglaterra. Tem 750.000 habitantes (sim, apenas isso). E, segundo
dizem, desses, metade vive fora do país.
A economia do país é
basicamente mineração, agricultura e turismo. Nos povoados energia elétrica é
raridade, Wi-Fi nem se fala, quando tem é o olho da cara. A população descende em boa parte de imigrantes da Índia. Há também descendentes de africanos, mestiços ameríndios. As vezes me perco com
tanta diversidade cultural e me pergunto em que país estou. É um
país que tem se mostrado diferente de tudo que já vi e por isso
muito interessante.
As 13hs estava na cidade de
Lindem. Lá teoricamente teria uma pessoa que me receberia. Desci no
local que ela havia dito e pedi ao motorista pra ligar e avisar que
eu estava ali. Tudo certo, em alguns minutos ela chegaria.
Os minutos se passaram, se transformaram em mais de uma hora e nada
da bendita mulher chegar. Eu ali no meio de uma estrada, sozinha, num
lugar que não estava me sentindo muito segura. Esperei dez minutos
mais e segui para a cidade. Ia buscar um jeito de ligar pra ela de
novo.
Numa escola pedi se podiam fazer uma ligação. Tentaram várias
vezes e nada. Liguei então pro meu anjo Navim, que havia me passado
o contato dela, ele disse pra esperar num hotel que ela ia aparecer
por lá.
No caminho desse hotel vejo uma luz vermelha no fim do túnel
“firestation”, aí estavam meus amigos bombeiros. Parei pra me
certificar se estava na direção certa e aproveitei e perguntei,
caso eu não encontrasse a pessoa, se podia voltar lá pra passar a
noite. Ele disse ok.
Fui ao hotel, de novo esperei mais de uma hora e nada. Eu já estava
cansada dessa brincadeira, tava morrendo de fome e ciclista com fome
sabe como é né? Até cogitei a possibilidade de ficar nesse hotel,
mas quando fui consultar os preços logo voltei pros bombeiros que me
receberam super bem. Me deram praticamente um quarto de hotel (com
direito a Wi-Fi ACREDITEM) e eu só pedi um lugarzinho pra colocar a
barraca.
Uma funcionária de lá me acompanhou pra comprar comida, uma
senhorinha linda, dessas que dá vontade de levar pra casa. Me levou
ainda nuns mercadinhos super legais, onde vende comida barata, esses
lugares que você encontra só se estiver com alguém de lá.
Me sentia meio que em Cuba. Carros antigos, casas de madeira, somente
negros pela rua. Mas a diferença é que aqui toca reggae ou música
brasileira e lá sempre se escuta uma boa salsa.
Voltei pros bombeiros e tive noite de princesa. Descansei muito pro
que seria o último dia antes de chegar à capital Georgetown.
E seriam mais de 100km de pedal, mas dessa vez estrada já asfaltada.
Mas com algumas subidas, me disseram.
Despertei às 5 da manhã e as 6 já estava na estrada. O dia lindo,
fresquinho e pela primeira vez na Guiana vejo ciclistas treinando.
Realmente haviam subidas e descidas quase todo tempo, mas nada de
matar. Pedalei muito bem. Dez da manhã já passava da metade do
caminho. Pedalei e até deixei passar a marca dos 18.000km. Fui ver e
já estava no 18.001. Mesmo assim paro pra tirar foto, afinal não é
todo dia que completamos essa quilometragem de viagem.
Nesse tempo um senhor simpático na sua bike vem me fazer companhia.
Conversamos e ele me acompanha por alguns quilômetros. Me disse pra
ter cuidado na capital.
Exatos 30 km antes de Georgetown a minha tranquilidade termina.
Carros por todos os lados, estrada estreita e buzinas. Tudo que você
pode sonhar. A minha sorte foi que era cedo, eu podia ir com calma.
Paro num posto de gasolina onde só mulheres trabalham. Achei
interessante. Elas curiosas perguntam de onde eu venho. Eu pergunto
se faltava muito ainda. Uma delas responde: “ se você já pedalou
isso tudo, Georgetown tá ali na esquina”. E sorriu. Ela tinha toda
razão.
Segui modo pedal on. Tudo que queria era chegar no meu porto seguro.
Cada vez mais perto da cidade o caos maior. É Sempre assim chegar em
cidade grande. Quando vi que o marcador apontava 104km resolvi
procurar um lugar seguro pra parar e tentar fazer uma ligação.
Por sorte parei numa delegacia de polícia. Pergunto pelo centro da
cidade. Contei que ia encontrar um amigo. O policial Willians
gentilmente liga pro meu amigo. Ele indica outra delegacia, em outro
bairro onde me esperaria.
Os outros policiais não acharam boa a ideia de eu ir sozinha. Eu que
já me via num filme, agora tive a certeza de que era mesmo. Fui ao
encontro do meu amigo com escolta policial. Uma moto e um policial me
seguindo todo tempo.
E ainda bem que ele foi comigo, porque o caminho passava por partes
bem feias. Infelizmente características de grandes cidades. Como as
cracolândias que existem em quase todas grandes cidades do Brasil.
Chegando ao local indicado agradeci ao policial que me acompanhou,
disse a ele que podia seguir que eu esperava ali pelo meu amigo. Ele
disse que só saía quando eu estivesse com meu amigo. Bom, achei
melhor assim.
Em alguns minutos o anjo Navim chegou e me levou pra o meu porto
seguro aqui em Georgetown. Bom, não era a casa dele, era a casa de
uma amiga que estava vazia e em reforma, mas tinha um quarto que eu
podia ficar. Dentro da casa uma bagunça. Mas pensa se eu achei ruim.
Claro que não! De novo apenas agradeci, porque tinha chegado onde
queria, em segurança e ainda estava com pessoas boas por perto.
Vou pesquisar sobre o caminho que tenho pela frente. Eu sei pouco do
caminho em direção ao Suriname. Mas de novo e sempre... “Andar
com fé eu vou que a fé não costuma faiá”!
RESUMO DESTA PARTE DA VIAGEM:
Boa Vista a Meio do Caminho: 57km – Hospedagem: Casa beira da
estrada
Meio do Caminho a Bonfim: 70km – Hospedagem: Casa da diretora da
escola
Bonfim a Lethem: 10km – Hospedagem: Casa de amigo
Lethem a meio do caminho: 70km – Hospedagem: Fazenda no meio do
caminho
Meio do caminho a Annai: 50km – Hospedagem: Lodge Rock View
(barraca)
Annai a meio do caminho: 45km – Hospedagem: Atta Lodge
Meio do caminho a Kurupukari: 56km – Hospedagem restaurante da
Samantha.
Kurupukari a Lindem: bus
Lindem a Georgetown: 108km – Hospedagem: Couchsurfing
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Bons pedais pessoal e até as próximas!!!
Poxa! A cada relato fico mais encantado com a coragem dessa mulher. parabéns Ada!
ResponderExcluirFrank
ExcluirObrigada pelo carinho sempre!!!
Muito bom! Excelente! Desde que voltei de viagem é um dos poucos momentos que parei para ler um diário de bordo. Que saudade da vida na estrada. Parabéns por tudo, Ada. Infelizmente não acompanhei sua expedição desde o começo, mas sempre fiquei na torcida. Esse trecho atual da sua viagem é muito raro de encontrar relatos em português, portanto, deixo meus parabéns pela iniciativa e que você consiga encontrar mais um monte de gente bacana pelo caminho. Abração. Nelson Neto.
ResponderExcluirOi Nelson
Excluirrealmente é bem complicado encontrar informações desses países.
Espero que possa ajudar e animar a outros tantos cicloviajantes a passarem por aqui.
Abraços!!!
Muito bom o seu relato sobre este trecho.
ResponderExcluirObrigada Luciano!!!
ExcluirE a onça nada né Ada? kkkkk, meu Deus quanto coragem, perco o fôlego lendo essas histórias, ao invés de você vazar na braquiara, não, você vai seguindo as pegadas do animal!
ResponderExcluirCheguei a suspirar naquela hora rsrsrs, mas tá muito linda sua viagem, parabéns!! Abraços !
Elair - Maringá PR.
Hahahaha
ExcluirVazar na braquiara...que bom "escutar" isso.
Mas é um misto de sentimentos, vontade de ver e de não ver...e não ia fazer diferença correr ou não...o que tem que acontecer acontece.
Mas a estrada é linda...valeu a pena!!!
Que lindeza de história, adorei todos os detalhes...
ResponderExcluirBons pedals e forte abraço!
Oi José,
ExcluirObrigada pela mensagem!!!!!
Bons pedais a vocês também!!!
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ResponderExcluirHarrah's Cherokee Casino & Hotel, Cherokee · Harrah's 대구광역 출장샵 Cherokee Casino & Hotel · Casino at 부천 출장샵 Harrah's Cherokee 성남 출장샵 Casino 천안 출장샵 & Hotel · 서산 출장샵 Casino at Harrah's Cherokee Casino