Sobre viajar por 2 anos...
Tudo
começou com um sonho, uma vontade de ver além do que a minha janela
podia me mostrar. Eu sabia que o mundo era cheio de possibilidades,
mas eu queria mais que saber, eu queria experimentá-las. E porque
não de bicicleta?
Eu
queria a Branquinha ,minha bicicleta, como minha companheira, e foi
com ela que explorei a América do Sul.
Foram muitas perguntas que eu escutava todos os dias...
Mas você não tem medo? É
claro que sentia um pouco de medo, mas o medo faz parte, ele apenas
não pode nos paralisar. É claro que sendo mulher, posso, como
qualquer homem, fazer o que desejo, temos as mesmas possibilidades. O
que nos falta muitas vezes é coragem.
Mas você é mulher? Mas você vai sozinha? Eu adoraria ter uma linda companhia pra viajar junto, mas
quando eu saí eu não tinha, e então, eu ia esperar alguém uma
vida inteira pra fazer o que eu desejava?
Mas porque tanto tempo? Pra maioria das pessoas, viajar por um ou dois anos, ou por
mais tempo, pode parecer loucura, mas eu descobri que sair da rotina,
romper os padrões e que ser nômade é uma experiência linda de
vida e de aprendizado.
E sua casa? Eu aprendi que a nossa casa é onde a gente está. Estar bem conosco é
o que nos faz sentir em casa em qualquer lugar. O trabalho? Existem
mil maneiras de sobreviver viajando e muitas delas não envolvem o
dinheiro necessariamente, e isso nos ensina muito, e nos traz uma
outra dimensão da nossa relação com o tempo, trabalho e dinheiro.
A
família? Essa, é nossa pra sempre. Estando perto ou longe. E a
família também é um contexto mais amplo, são pessoas, amigos, que
encontramos em toda parte e que nos completam...a nossa família
também pode estar em todo lugar...
E você vai sobreviver com tão pouco? Desapego, isso talvez seja o maior aprendizado! Ter
apenas o necessário, o que somos capazes de carregar, nos faz sentir
mais leve, nos faz sentir mais livres. Ao contrário do que o mundo
capitalista deseja da gente, o desapego só nos faz bem.
Ou
seja, pra viajar, basta vontade... vontade de sair, de se movimentar,
de ver o outro, não como um ser distante, mas sendo parte dele, da
sua rotina e vida. A viagem de bicicleta nos proporciona isso. E por
isso as pessoas nos recebem tão bem, pois chegamos de alma e coração
abertos, sem ser melhor nem pior do que ninguém... e assim temos de
volta o mesmo carinho e respeito.
Pra
mim, a experiência de viver na minha bicicleta por dois anos me
mostrou muito mais que paisagens bonitas, mas experiências de vida
que de nenhuma outra maneira eu teria a sorte de ter experimentado.
Amor
e gratidão à vida por tudo isso!!!
Uma história rica e inspiradora!
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